
"O ballet sempre foi um sonho para minha pessoa. Um sonho de princesa, o qual acreditava nunca se realizaria. Cresci em um lar de regras que não entendia. Costumes e crenças que me faziam questionar se realmente era certo. Quando criança amava três tipos de dança: ballet, breakdance e dança do ventre. E ouvia da minha querida avó/bisavó que "dança não era coisa de uma menina de igreja" - isso por ser diferente dos costumes dela.
Mas eu fazia parte de um "grupo coreográfico" que era considerado um grupo de dança na igreja. Hilário, né? Resumindo: o que realmente eu amava nunca foi apoiado ou incentivado pelos meus familiares. E com a dança foi assim. Passei minha adolescência, e início de "vida adulta", frustada com a situação de amar algo e acreditar que nunca conquistaria.
Em um certo dia, uma amiga me falou da oportunidade de realizar este sonho. Uma ONG no bairro que eu morava tinha iniciado a atividade de dança. E adivinha: tinha ballet lá! Foi quando conheci a ONG Cicovi, que proporcionou a realização deste sonho, pois na época eu estava em uma das fases mais difíceis da minha vida: sem emprego mais uma vez, sem quase qualquer apoio da minha família. Mas lá eu pude reaprender o que era ter família.
Não era fácil! Meu primeiro collant era um maio/body vermelho - que sinceramente eu achava horrível, mas era o que tinha. Tive dois professores que me ajudaram muito, que compartilharam comigo aquilo que aprenderam com tanto amor. Hoje não estou mais na ONG na qual comecei, mas sempre serei grata ao que eles fizeram por mim. E se hoje alguém me chama de bailarina, foi graças a esta oportunidade que tive. Sou feliz em realizar esse sonho a cada dia. Obrigada ONG Cicovi!"
Ruthe Wenceslau, ex-aluna do Ballet Cicovi em 17.11.2018